Moinho do Ginjal 

Comemorou-se pela primeira vez, na Ilha de Santa Maria, o dia Nacional dos Moinhos, com a abertura ao público em geral do Moinho de Vento do Ginjal, no dia 06 de Abril de 2008, entre as 14H30 e as 19H00.

Embora o moinho em causa, possa ser visitado ao longo de todo o ano, esse dia foi sem dúvida uma oportunidade única para quem lá passou, pois pode usufruir de uma visita guiada por um dos últimos moleiros, Sr.º António Isidro, que com o seu conhecimento transmitiu as vivências antigas.

Os visitantes puderam igualmente conhecer e admirar uma casa típica mariense, onde perto da hora de encerramento, o forno de lenha foi ateado, com vista, à feitura do tradicional “pão de casa” mariense.

Em relação, ao número de visitantes, esperava-se um pouco mais de adesão, embora a manhã do dia tenha sido chuvoso, o que contribui talvez para a fraca adesão. No entanto, durante as horas em que o moinho de vento esteve aberto a chuva não caiu. A maior parte das pessoas que realizaram a visita não conheciam o moinho no seu interior nem tão pouco a existência de uma casa típica mariense, no local.

Os actuais proprietários, tentaram fazer desse dia uma festa que pudesse de alguma forma retratar as vivências dos nossos antepassados.

Cabe agora, à sociedade civil e instituições públicas, fazerem deste dia o ponto de partida para que no futuro, quem sabe, se possa abrir as portas do Moinho de Vento do Ginjal pelo menos durante os meses de verão.

Muitas das vezes, não damos valor ao património que possuímos na ilha de Santa Maria, embora este deva ser preservado, pensando sobretudo na vertente turística.

Por outro lado, coloca-se a questão dos custos associados à manutenção de toda a área e imóveis. Por esta razão, os actuais proprietários pensam em alternativas.

Os apoios públicos desde há algum tempo não existem e o último foi concedido pela Câmara Municipal de Vila do Porto, em 30-08-2005, para a pintura do interior e exterior do moinho. Nessa altura a Câmara Municipal de Vila do Porto estava sensível a esta problemática.

No contexto actual, com tanta restrição orçamental por parte das instituições públicas e privadas, seria de prever um desleixo do património. Não esquecer que dias melhores virão e nessa altura iremos querer dar a conhecer o nosso património. Para alguns imóveis poderá ser tarde de mais.

Ressalve-se aqui o enorme esforço que tem sido feito pela paróquia local na conservação das ermidas e igrejas de Santa Maria num trabalho digno de se observar. Aqui também as instituições públicas e privadas deveriam olhar de outra forma.

Quanto aos restantes moinhos de vento em Santa Maria, os quais encontram-se em elevado estado de degradação, uma das soluções possíveis e na minha humilde opinião poderia passar pela criação de uma associação local para a preservação do património dos moinhos ou através de uma das actuais associações que apoiada pela Câmara Municipal de Vila do Porto e Governo Regional dos Açores, voltassem a tentar adquirir um moinho de vento para a reconstrução, com a ajuda preciosa de um dos últimos moleiros em vida e tendo como esquema o Moinho de Vento do Ginjal para a execução de algumas peças mais especificas.

Nesta hipotética solução o apoio da edilidade local seria muito importante.

Assim, é importante que a Câmara Municipal de Vila do Porto demonstre ou não a vontade concreta em apoiar uma solução. Há que esclarecer de uma forma inequívoca qual é posição do actual elenco camarário sobre o assunto.

No caso, da comemoração do dia dos moinhos abertos, a única colaboração solicitada à edilidade local, foi a publicação na sua página da internet, do referido evento, facto que não veio a ocorrer.

Realço, para o facto de uma empresa privada (Barretazul) se ter associado ao evento permitindo a abertura do espaço com outras condições.

Como já foi referido, esperava-se uma maior afluência da população. Pese embora, ter sido um evento realizado pela primeira vez na ilha e provavelmente as pessoas não estavam sensibilizadas para este tipo de evento cultural, pode-se concluir que pelo menos um objectivo foi atingido, que foi falar e discutir sobre o estado actual dos moinhos em Santa Maria.

Agora só resta esperar para que no próximo ano seja possível a realização de mais um evento idêntico.

Paulo Chaves